sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Maria Lúcia Meira e Matheus Plastino são os grandes vencedores da 5ª edição do Prêmio Controversas UFF de Jornalismo

Treze alunos de Jornalismo receberam troféus e R$ 500 em vales para a compra de livros da Eduff

Os estudantes Maria Lúcia Meira e Mateus Plastino, do curso de Comunicação Social, foram os grandes vencedores da 5ª edição do Prêmio Controversas UFF de Jornalismo, entregue no último dia 7 de dezembro, no Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF. Maria Lúcia foi a primeira colocada da categoria Reportagem, com “No Morro: Repúblicas em Alta”, sobre o deslocamento de universitários para morar no Morro do Palácio, em Niterói. Matheus venceu a categoria Fotografia com a série de fotos “Memórias Soterradas”, realizada em Mariana e outras cidades afetadas pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco em Minas Gerais, em 2015. 

Matheus Plastino, com equipe do prêmio: vencedor em Fotografia (Fotos de Julliana Martins)
“Fiquei muito feliz de ter ganhado, muito mesmo, de ter meu trabalho na reportagem reconhecido. Foi uma reafirmação de que estou no caminho certo, o prêmio vai me dar mais segurança pra escrever, pra produzir conteúdo”, disse Maria Lúcia Meira, que estava em aula durante a cerimônia de entrega dos prêmios, mas correu para o IACS logo que foi avisada do feito. A premiação aconteceu no dia de encerramento do Controversas Futuro, na sala InterArtes, e teve como mestres de cerimônia as também estudantes Raphaella Fernandes e Gabriela Medeiros.


Em seu discurso de agradecimento, Matheus Plastino pontuou: “É importante a gente pensar sobre as motivações por trás do nosso jornalismo, porque o futuro do jornalismo ninguém mais vai fazer se não formos nós. Precisamos questionar o que é o jornalismo e fazer ele continuar existindo”, afirmou, muito aplaudido pelos colegas que enchiam o auditório.  

O professor João Batista e Bárbara Abreu (2a. em Reportagem, com trabalho em grupo) 
Em segundo lugar na categoria Reportagem ficou a matéria “Sexualidade na Terceira Idade”, produzida para a mídia radiofônica pelos alunos Bárbara Queiroz, Helen Lugarinho, Renan Castelo Branco, Mariana Chamon, Sérgio de Oliveira e Ana Beatriz Ferreira. Bárbara Queiroz e Renan Castelo Branco já haviam sido premiados em edições anteriores, ela com o primeiro lugar em Reportagem da edição passada e ele com uma menção honrosa na mesma categoria. Foram, portanto, os primeiros bicampeões da história do Prêmio Controversas. Bárbara reforçou em seu discurso a alegria de ganhar o prêmio com um trabalho em grupo, que disse considerar mais difícil de produzir.


O terceiro lugar ficou para a aluna Emanuela Amaral, com o trabalho “Estudantes sim, mães também”, enquanto Marry Ferreira ganhou menção honrosa pela produção de “Creches Comunitárias”. Assim como a vencedora da categoria, Emanuella e Marry produziram reportagens em texto. 

João Batista com Marry Ferreira (menção honrosa/Reportagem) e Emanuela Amaral (2a. colocada/Reportagem)
Na categoria Fotografia, o segundo e o terceiros lugares ficaram, respectivamente, com Bruna Navarro e Gabriel Sorrentino, pelos os trabalhos “IACS Só” e “La Luna Gitana”. Por último, a menção honrosa da categoria foi dada à estudante Vanessa Barcelos, pela  fotografia “Espelho da Realidade”. 

Nesta edição, pela primeira vez todos os alunos premiados, inclusive os vencedores de menções honrosas, receberam um troféu criado com exclusividade pelo professor aposentado do Departamento de Comunicação Ildo Nascimento para o Controversas. Produzido em resina transparente, o troféu tem o formato de uma foca – animal que simboliza os jornalistas iniciantes e está presente na identidade visual do Prêmio Controversas desde a primeira edição. “A confecção dos troféus foi possível graças ao apoio da Pró-reitoria de Graduação (Prograd) ao projeto”, contou a professora Larissa Morais, coordenadora do Controversas e do Prêmio. 

Vanessa Barcellos (menção honrosa/Fotografia) com Larissa Morais. Abaixo, Bruna Navarro (2a colocada/Fotografia)

Os alunos premiados ainda receberam vales para a compra de livros da Editora da UFF (Eduff), outra importante apoiadora. Os primeiros colocados receberam R$ 75 em vales, os segundos, R$ 50, e os terceiros, R$ 25. No total, a Eduff destinou ao evento R$ 500 em vales. Além disso, o Globo Universidade doou livros que foram doados aos palestrantes do Controversas. “Somos imensamente gratos aos nossos apoiadores. Sem eles, talvez nem fosse possível realizar o evento e a premiação”, completou Larissa. 


Troféu personalizado que os premiados receberam



quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Ex-alunos deixam mensagem de otimismo aos alunos de Jornalismo

Por Álvaro Danezine

Já tradicional no Controversas, a mesa Prata da Casa – formada somente por ex-alunos de Jornalismo do IACS – encerrou o evento, no último dia 7/12. A mesa ganhou destaque pela emoção dos ex-alunos que, agora já formados, tiveram a chance de lançar um novo olhar sobre a Universidade e seu passado recente como estudantes, resgatando memórias e experiências. Além disso, os convidados colaboraram para a formação dos estudantes e a percepção deles sobre o mercado de trabalho.

Os convidados começaram falando sobre suas trajetórias acadêmicas e profissionais, contando suas experiências com estágios e os importantes aprendizados que foram levados da universidade e aplicados no mercado de trabalho.

Gabriela Vasconcellos foi uma das convidadas. A ex-aluna, além de atuar como jornalista no Conselho de Contabilidade do Rio de Janeiro, apostou no Youtube e tem crescido como comunicadora nessa plataforma. Seu canal, que fala sobre estética e empoderamento feminino, já atinge os 70.000 seguidores. Sendo uma representante dos novos caminhos que podem ser trilhados pelos alunos de Comunicação Social, a jornalista e youtuber, que já trabalhou com grandes marcas, falou sobre a importância das habilidades desenvolvidas dentro da Universidade para sua carreira.

Acredito que por ser graduada em Comunicação Social tive um diferencial em termos de ser notada pelas marcas, ainda sendo muito pequena. Uma coisa que eu escuto muito – além das coisas óbvias de um jornalista como: falar muito bem e ter um português correto – é sobre credibilidade e a facilidade em me expressar, que é o que um jornalista precisa ter”, contou aos mediadores Igor Oliveira e Luan Scanferla, ambos estudantes de Jornalismo.

Pamela Mascarenhas, atuante das editorias de Política e Economia do Jornal do Brasil; Gustavo Cunha, repórter de Cultura do Jornal Extra, e Anabel Reis, repórter da TV Record, falaram sobre o trabalho em veículos da grande mídia, gerando muita curiosidade e interesse.

Gustavo Cunha também comentou sua participação na re-fundação do Jornal O Casarão, periódico do IACS que é publicado até os dias atuais. O relançamento do antigo jornal laboratório foi idealizado pela turma do ex-aluno e partiu do desejo dos discentes de ganharem experiência com um jornal impresso.

“Estávamos na faculdade de Jornalismo e queríamos um jornal. Fomos atrás dos professores e de editais pra tentar criar um periódico, de onde saiu O Casarão. O jornal foi fundamental na minha trajetória. No fim da faculdade, surgiu o processo seletivo para o jornal O Dia, onde fiquei durante um ano. Depois disso fiz o processo seletivo para O Globo/Extra, onde estou até hoje.”

Já as ex-alunas Anabel e Pamela fizeram parte da turma que produziu a primeira edição do Controversas. Anabel falou sobre  dificuldades que enfrentou no mercado de trabalho, deu dicas sobre como se destacar em um estágio e lançou um olhar encorajador para os desafios que serão enfrentados pelos alunos.

Gabriela Vasconcellos, Pamela Mascarenhas e Anabel Reis foram alguns Pratas da Casa
que contaram suas trajetórias (Foto: Amanda Costa)

Quando a gente senta aí (na plateia do Controversas) parece que tudo é distante e muito difícil (...). Quando eu revejo minha trajetória, sempre lembro de uma coisa que o Dante (professor de fotografia da UFF) me falou: quando a gente sabe exatamente onde quer chegar –  como no meu caso, eu sempre quis ser repórter de televisão – devemos traçar uma trajetória desde cedo para atingir nosso objetivo. Isso foi essencial, pois comecei a fazer coisas pra me preparar. Outro recado que fica é: não se boicote.”

O último convidado a se apresentar foi Wesley Prado, que fundou o Cineclube Utopia. O ex-aluno dividiu suas reflexões a respeito da comunicação e sua função política, que o levaram a buscar linhas alternativas de atuação para além do mercado tradicional. O primeiro passo foi dado no TCC (trabalho de conclusão de curso) com a produção do curta “Lambari”, sobre o rompimento das barragens da Samarco em Mariana-MG, que causou uma tragédia ecológica no final de 2015. O trabalho já foi selecionado em diversos festivais de cinema documentário no Brasil e no mundo.

O curta me mostrou que é possível atuar nas brechas, tensionando (com a comunicação) pelo lado de fora. É possível tensionar pelo lado de dentro, mas descobri que isso não era pra mim. Então eu preferi gastar minha energia pensando em projetos autorais e coletivos, e refletindo por quem e para quem eu estou fazendo isso. Faço a mim mesmo a pergunta: quem eu vou transformar e o que eu vou deixar a partir disso?”

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Consuelo Dieguez, Gilberto Scofield e Ruben Berta: o jornalismo tem futuro

Por Igor Oliveira

A mesa de abertura da 13ª edição do Controversas discutiu o futuro do jornalismo. Depois de assistir a uma homenagem ao professor Ildo Nascimento, que se aposenta após 25 anos de magistério, os jornalistas Gilberto Scofield Jr., Consuelo Dieguez e Ruben Berta compartilharam com a plateia do IACS experiências, angústias e expectativas em relação ao futuro da atividade. Pela primeira vez, alunos de Jornalismo da UFF mediaram todas as mesas do evento, e as estudantes Alice Pinheiro e Natália Leal foram as responsáveis pela condução da primeira conversa.

A mudança de perspectiva na profissão

Se em comum entre Gilberto, Consuelo e Ruben está a passagem pela redação de grandes veículos, como jornal O Globo, a opinião dos convidados sobre o jornalismo no futuro é que o ofício não está necessariamente concentrado nas grandes redações. Com a redução de postos de trabalho na mídia tradicional, eles acreditam que o futuro da profissão está na internet.

Ruben Berta, Gilberto Scofield e Consuelo Dieguez abriram o Controversas
discutindo as perspecitvas do jornalismo (Foto: Juliana Martins) 
Atualmente assessor de Comunicação da Fundação de Assistência e Previdência Social do BNDES, Gilberto Scofield lembrou o surgimento de novas iniciativas de jornalismo independente, como a Agência Lupa, o Nexo, a Agência Pública e o Repórter Brasil, que vêm ganhando projeção no mercado jornalístico. Além disso, falou sobre o interesse de diversas empresas em trabalhar com o meio digital e seus influenciadores, e destacou a importância dos jornalistas em formação buscarem se qualificar em diferentes áreas.

Consuelo também mencionou o encolhimento de espaços tradicionais de atuação, mas disse que ainda existe há lugar nesse mercado. A repórter da Revista Piauí citou outras iniciativas no jornalismo que atendem a públicos específicos, como o Jota, especializado na área jurídica, e rechaçou a ideia de que o ofício esteja chegando ao fim. “Desde que comecei nessa profissão que o mercado está acabando. O jornalismo não vai acabar”, disse.

Rubem Berta, que trabalhou durante 17 anos no jornal O Globo, não vê mais as redações como projeto de vida, mas afirma que esses ambientes podem servir como uma boa escola ao profissional em início de carreira. O editor do The Intercept Brasil também vê a internet despontando como espaço para novas publicações e a possibilidade do jornalista de transmitir informações e ser visto. Para o Ruben, hoje jornalistas independentes procuram preencher as lacunas deixadas pela grande imprensa.

A busca pelas brechas deixadas por veículos tradicionais provoca ainda o surgimento de novas formas de se levar as notícias ao consumidor. Para Scofield, no jornalismo atual é o storytelling, isto é, a forma como se conta a notícia, que atrai o interesse do consumidor. Mencionou como exemplo de que há espaço para narrativas mais longas e bem trabalhadas o sucesso recente de uma matéria sobre o Fofão da Augusta, personagem folclórico de São Paulo, realizada pelo jornalista Chico Felliti, do Buzzfeed. Nesse contexto, Gilberto também deixou claro que jornalismo independente não é o mesmo que jornalismo imparcial. Para ele, a imparcialidade é um mito. Dessa constatação surge o jornalismo ativista, com o intuito de levantar assuntos que por algum motivo não são abordados na imprensa hegemônica.

Declaração de amor

O momento de maior comoção da mesa ficou por conta de Consuelo Dieguez, que encheu de esperança a plateia de focas com uma verdadeira declaração de amor à profissão. A premiada repórter da Revista Piauí afirmou que, apesar das dificuldades, não existe profissão melhor que a de jornalista. “É cansativo, é pressão o tempo todo, mas também é um privilégio. A gente tá no centro da história!”, exclamou.


Consuelo também ressaltou a importância da vontade do repórter para a propor novas pautas e, principalmente, o esforço de apuração. Citou o exemplo da matéria que produziu contando os bastidores do acordo de delação premiada dos irmãos Batista, proprietários da JBS. “Jornalista nunca pode se acomodar, tem que estar sempre ligado. Se você não tem tesão para correr atrás da notícia, não seja repórter”, afirmou. Depois de cerca de uma hora e meia de conversa, ao final de uma das melhores mesas da história do evento, fica na memória dos espectadores que lotaram a sala Interartes uma certeza: o jornalismo tem futuro.